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TUBERCULOSE

HISTÓRIA

Edvard Munch, The Sick Child, 1896.

" 'Não faça tanta fita!' costuma dizer ele - respondeu Joachim - Foi pelo menos o que disse recentemente numa ocasião dessas. Quem nos contou a história foi a enfermeira chefe, que estava lá para segurar o agonizante. Era um daqueles que no leito de morte ainda fazem uma cena pavorosa e absolutamente não querem morrer. Então o Behrens ralhou com ele. 'Deixa de fazer tanta fita!', disse, e o paciente logo ficou quietinho e morreu com toda a calma"

 

Thomas Mann - A montanha mágica

      Os primeiros relatos da tuberculose datam desde 8000 a.C., sendo a doença justificada por possessões demoníacas, maldições divinas ou uma simples ocorrência sobrenatural. Apenas a partir do surgimento dos tratados de Hipócrates (entre 430 a.C. - 330 a.C.) que as primeiras justificativas não espirituais para o surgimento de doenças passou a dar seus primeiros passos, afirmando que a moléstia surgia quando os "humores" do ser humanose encontrassem em desequilíbrio.

    As pesquisas científicas sofreram um período de estagnação durante as cruzadas (séc XI - séc XV) por conta das perseguições aos hereges.

       Durante esse período das cruzadas, a sociedade vivia em uma estagnação de classes, sendo que a nobreza era a de maior renome. Por conta disso, um nobre sofredor de tísica não possuía preocupações financeiras, podendo se dar ao luxo de "degustar" o estado fragilizado e romantizar a doença. A partir do séc XVI, a burguesia passou a tomar posse dos bens econômicos e assim os tuberculosos que um dia foram vistos com ar de refinamento passaram ao posto de escórea da sociedade por serem uma mão de obra inútil, título esse que permaneceu até os tratamentos eficientes para a doença.

       O agente causador da tuberculose só foi descoberto no séc. XIX por Robert Kock e a primeiras doses da vacina BCG ocorreram em 1921.

 

SOBRE

Watercolour por Richard Tennant Cooper, 1912

       O sintoma mais característico de um caso de tuberculose é a presença de tosse por mais de três semanas, podendo haver escarro sanguinolento nos quadros mais graves.

 

       Atualmente, logo quando as crianças nascem elas tomam a vacina denominada BCG (bacilo de Calmette e Guerin), que possui uma bactéria (Mycobacterium bovis) avirulenta (que não oferece mal) similar ao Mycobaterium tuberculosis, o que evita que a pessoa, futuramente, venha a desenvolver a tísica de forma agressiva e mortal.

 

"Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

 

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire.

 

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

 

Manuel Bandeira - Pneumotórax

       O principal causador da tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria de forma bacilar. Em geral a maneira mais comum de se adquirir a doença é através da inalação de partículas que são liberadas durante a tosse de um tuberculoso, sendo inaladas e, em um indivíduo saudável, mortas pelas células de defesa presentes nos alvéolos (macrófagos).

       Caso as bactérias resistam a esse primeiro ataque, elas irão se alojar em pequenas lesões presentes nos alvéolos e serão novamente atacadas por células imunes (linfócitos e macrófagos) num período de duas a seis semanas após a infecção, levando a morte da maioria dos bacilos (fim da chamada "infecção primária", sem apresentação de sintomas). Há casos em que o bacilo passa a coexistir pacificamente com o ser humano, aglomerando-se em um reservatório bacteriano e havendo assim o estado latente (sem manifestação dos sintomas).

       O tratamento padrão da doença baseia-se na utilização de quatro drogas (DOTS), combinando isoniazida, rifampicina, pirazinamida e estreptomicina durante os primeiros dois meses de tratamento. Após esse período, utiliza-se a combinação de isoanizida e rifampicina por outros quatro meses.

 

       Atualmente a tuberculose é conhecida como "peste branca" por, apesar da existência de bons tratamentos, ainda existir 80 mil novos casos anualmente no território brasileiro, além de 6 mil casos que levam a morte. Em um contexto mundial, calcula-se que há 2 bilhões de pessoas que carregam a forma latente, além de acometer 8 milhões anualmente.

EXTRAS

       A partir do momento em que os bacilos são eliminados na infecção primária, os fagócitos e as células parenquimais pulmonares também são mortos, gerando uma situação de necrose sólido-esponjosa (cranuloma ou complexo de Gohn), local que os bacilos podem voltar a se proliferar e podem ser novamente eliminados ou ocorrer a expansão da necrose.               Nessa segunda possibilidade, as bactérias poderão invadir a corrente sanguínea e contaminar outras partes do corpo (pleura, linfonodos, fígado, baço, osso, articulações, coração, cérebro, meninges ou pele); esse quadro extrapulmonar é chamado de tuebrculose miliar.

       Um dos diangósticos utilizados para a identificação da tuberculose é o chamado teste da tuberculina (PPD), capaz de identificar inclusive os casos que não progrediram a infecção primária ou que se encontram na forma latente, avaliando a reação de hipersensibilidade do tipo tardia desenvolvida contra os antígenos presentes na bactéria.

       Um dos métodos mais rápidos para a identificação é o esfregaço de escarro para BAAR, enquanto que o método confirmatório ("padrão ouro") é o crescimento da colônia (meios Löwenstein-Jensen, Ogawa, Middlebrok)  seguido de seus testes bioquímicos, o que pode levar de três a seis semanas. Também é possível se fazer uso de técnicas moleculares como a PCR.

© 2015 - Alunos da XXXIX turma de Biomedicina

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